Apresentação

Olá, meu nome é Carmen Costa, sou médica, especializada em Pediatria, Neonatologia e Imunoalergologia. Durante a minha formação médica e atividade profissional pude observar que um paciente bem informado é de grande valia para uma boa orientação clínica. Desta forma, como a relação médico- paciente ao meu ver é um caminho que apresenta duas vias decidi construir este blog, no sentido de divulgar informação e por conseguinte exercer uma melhor prática médica.

domingo, 5 de fevereiro de 2012



O Refluxo Gastroesofágico


  O refluxo gastroesofágico (RGE) é uma condição clínica muito comum nos primeiros meses de vida. Traduz-se pela passagem do conteúdo alimentar do estômago em direção ao esôfago e pode ocorrer em bebês, crianças e adultos. 
  Apesar de gerar preocupação nos pais tende a ter  na maioria dos casos uma evolução de benigna, sem causar grandes transtornos ao bebê ou criança, sendo considerado fisiológico.
  A combinação de uma alimentação líquida e o bebê passar a maior parte do dia deitado favorece o refluxo. De todas as crianças que apresentam esta condição somente 2%  dos casos necessitam de investigação mais profunda no que diz respeito  a doenças anatômicas ou funcionais do esfíncter esofágico superior (válvula que se localiza no limite do esôfago com estômago).
  Quando a criança apresenta vómitos/regurgitações que acarretam falha no ganho de peso, resultados insuficientes às medidas posturais, dietéticas e medicamentosas, tosse rebelde ao tratamento,chiado, crises de asma e pneumonias ela deverá ser investigada pois nestas situações o RGE necessita de esclarecimento diagnóstico.
  No que diz respeito aos quadros respiratórios induzidos pelo refluxos podem se caracterizar por tosse muito intensa e normalmente seca e noturna (principalmente quando a criança deita), dispnéia (falta de ar), apnéia (criança pára de respirar), broncoespasmo (chiado no peito) ou pneumonias de repetição. Estas manifestações clínicas ocorrem pela presença de micropartículas alimentares e de suco gástrico que são aspiradas para a árvore brônquica e que irritam as terminações nervosas da mesma ocasionando o desconforto respiratório.
  As manifestações clínicas variam de acordo com a faixa etária também. Veja abaixo:

  • Recém-nascidos e lactentes: em torno de 80% dos bebês têm refluxo fisiológico, onde o pico ocorre mais entre 3-4 meses, e melhora normalmente por volta dos 6 meses de idade, ou antes caso inicie alimentos sólidos, e tende a desaparecer após 12 meses de idade. Uma pequena parcela destas crianças pode desenvolver irritabilidade, choro após a alimentação, recusa alimentar, ganho de peso insatisfatório, vômitos com presença de sangue, anemia.
  • Pré-escolares: estas crianças costumam apresentar vómitos intermitentes, podendo ter tosse, poucas vezes apresentam broncoespamos, podem se queixar de dor de barriga na altura do estômago.
  • Escolares e Adolescentes: suas manifestações clínicas são semelhantes a dos adultos tais como queimação retroesternal (azia) e/ou regurgitação.

  O tratatamento normalmente é feito utilizando leites anti-refluxo, utilizar alimentos mais espessos em pequenas quantidades e com maior frequência. É importante subir a cabeceira do berço a cerca de 30 graus e deixar a criança em posição mais vertical o maior tempo possível. Existem medicamentos pró-cinéticos que ajudam a acelerar o esvaziamento gástrico e assim diminuir o conteúdo que irá refluir, além disto há medicamentos para proteção da mucosa, evitando assim a dor e sensação de queimação/azia.
  O tratamento e acompanhamento desta condição clínica deverá ser feito pelo seu pediatra.

Não alimente o seu bebê deitado isto favorece às otites e o RGE.


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