Apresentação

Olá, meu nome é Carmen Costa, sou médica, especializada em Pediatria, Neonatologia e Imunoalergologia. Durante a minha formação médica e atividade profissional pude observar que um paciente bem informado é de grande valia para uma boa orientação clínica. Desta forma, como a relação médico- paciente ao meu ver é um caminho que apresenta duas vias decidi construir este blog, no sentido de divulgar informação e por conseguinte exercer uma melhor prática médica.

domingo, 15 de julho de 2012









Estarei em Congresso nos próximos tempos, portanto ficarei ausente até o mês de Agosto. Voltarei com novidades.

domingo, 1 de julho de 2012

Moleiras
 
  Logo após ao nascimento e durante os primeiros dias de vida, principalmente se for  parto normal ou se a criança estava em posição pélvica ao nascimento (nasceu de nádegas) os pais notam que a cabeça da criança  está assimétrica e isto pode-lhes provocar uma certa ansiedade. Esta situação é frequente e perfeitamente normal. Nota-se principalmente quando passamos a mão pela cabeça da criança e sentimos como se fossem papinhos que normalmente não verificamos do outro lado.
  O crânio do recém-nascido é dotado de fontanelas popularmente conhecida como moleiras, que são aberturas na caixa craniana separadas por linhas também abertas que se chamam suturas.  Os ossos não estão totalmente calcificados sendo portanto mais "maleáveis" e móveis desta forma permitem ao nascimento a modificação da forma para facilitar a passagem no canal vaginal e com o tempo alteram sua estrutura mediante o crescimento cerebral.
  Durante os primeiros 2 anos de vida do bebê o cérebro vai ter um crescimento verdadeiramente espantoso e as aberturas no crânio serão necessárias para permitir que haja espaço para que o órgão se desenvolva nas suas maiores potencialidades. Quando isto não ocorre por fechamento precoce das suturas/fontanelas chama-se cranioestenose que provoca uma diminuição do espaço intracraniano restringindo o crescimento cerebral e podendo causar deformidades na caixa craniana, além de lesões neurológicas.
  A Cranioestenose é mais frequente no sexo masculino embora atinja meninas também, ainda não se tem uma causa definida, portanto não é passível de prevenção na maioria  das vezes, há várias especulações para a etiologia desta doença como hereditariedade, infecções intra-uterinas (toxoplasmose, citomegalovirose, rubéola, dentre outras) utilização de medicamentos durante a gestação. Ocorre com a frequência de 1 caso a cada 2500 nascimentos.
  A suspeita diagnóstica é feita normalmente na consulta de rotina de pediatria durante o exame físico do bebê. A confirmação da doença é obtida por exames de radiologia como tomografia axial computadorizada ou ressonância nuclear magnética onde pode se  observar as suturas fechadas, malformações do sistema nervoso central ou deformidades da calota craniana ou dos ossos da face.
  O tratamento  normalmente proposto é cirúrgico, onde irá se criar espaços que permitam a expansão cerebral, bem como  a correção das deformidades existentes a nível dos ossos do crânio. É importante que antes de fazer o tratamento cirúrgico se exclua outras alterações que possam estar associadas a esta condição clínica, uma vez que síndromes genéticas e outras doenças de foro neurológico também podem cursar com o fechamento precoce das suturas. Outras situações clínicas como as abaixo citadas também deverão ser estudadas caso venham a ser detectadas.
  O atraso no fechamento das suturas e fontanelas pode ser um sinal indireto de hidrocefalia que deverá ser investigado o mais precocemente possível.
  Sentir a moleira pulsando é normal na maioria das vezes, principalmente quando o bebê estiver a chorar. Se acompanhada de febre deve ser investigada.
  Moleiras deprimidas ou baixas acompanhadas de vômitos e/ou diarreia podem sugerir desidratação. Moleiras estufadas podem indicar meningites e deverão ser investigadas.
  Um acompanhamento pediátrico será fundamental para esta criança no que diz respeito ao crescimento e desenvolvimento. Desta forma consulte sempre um profissional especializado para acompanhar as etapas mais importantes da vida do seu filho.

domingo, 17 de junho de 2012



Orelhas de Abano: Devemos Operar???


  A formação das cartilagens das orelhas praticamente está terminada por volta dos 4 anos de idade, o que nos induz a pensar que as orelhas ficarão proeminentes de forma permanente após este período. Aí, vem a dúvida dos pais, devo deixar operar ou não?
  Esta condição clínica está presente em meninos e meninas, mas a queixa costuma ser mais observada pelos pais de crianças do sexo masculino, uma vez que o cabelo comprido costuma disfarçar o afastamento das orelhas nas meninas. Normalmente, a queixa acontece quando as crianças entram para a escola ou com o convívio com outras crianças (que costumam ser muito "ácidas" umas com as outras) e isto acaba por gerar uma situação de ansiedade nos pais e na própria criança.


  Quando há alterações psicológicas (problemas de rejeição, timidez, "bullying") geradas pela estigma provocado por esta característica física e a criança deve ser consultada além de seus pais sobre a possibilidade de intervenção cirúrgica, uma vez que este procedimento é tido na maioria dos casos como uma correção estética. Em geral a idade mais frequente de início de correção é em torno dos 6-7 anos, onde a criança já tem uma opinião a dar sobre o assunto e não somente a voz da ansiedade dos pais, que não deve ser a determinante final na escolha pela cirurgia. 
  A cirurgia é chamada otoplastia (o procedimento aproxima a orelha da cabeça, corrigindo a forma e desenho da mesma) normalmente apresenta bons resultados e é de técnica relativamente simples, onde o corte é feito atrás da orelha a pele é descolada da cartilagem e fixada com pontos internos. Porém não podemos esquecer que além de  um procedimento cirúrgico obrigatoriamente envolve um ato anestésico, deste modo é obrigatória uma avaliação laboratorial e clínica do paciente para assegurar que o mesmo encontra-se em condições de ser submetido a cirurgia e a anestesia. A anestesia pode ser local ou geral, dependendo da extensão do procedimento e principalmente da colaboração do paciente.
  De modo geral a cirurgia pode ser feita ambulatorialmente ou se necessário interna-se por um dia após a recuperação pós-anestésica. A criança vai para casa com ataduras que quando são removidas nota-se um inchaço (edema) no local que vai progressivamente diminuindo com o passar do tempo. Os pontos externos são retirados em uma semana e a colaboração da criança e da família nos primeiros dois a três meses em fundamental para o resultado da cirurgia.
 Todas as cirurgias consideradas estéticas devem ser muito bem equacionadas pois envolvem riscos e limitações técnicas inerentes ao próprio procedimento ou ao paciente.
 

domingo, 3 de junho de 2012

Achei este Vídeo Interessante


Principalmente a parte da deprivação do sono...

 Desculpe estar em inglês, mas não achei nada parecido em português.


http://www.youtube.com/watch?v=taDqKWWPDAY
Vamos retirar as fraldas?

  Esta é uma pergunta muito frequente: quando retirar as fraldas a uma criança? A resposta é: quando ela estiver pronta para tentar. Como tudo na vida isto exige bom senso. Há pais que iniciam o desfralde aos 6 meses de idade (por questões econômicas ou ideais ecológicos),  há outros que somente muito mais tarde, ou seja não existe uma idade para iniciar o desfrade. O importante é não pressionar a criança como se isto fosse uma prova de aferição, pois a mesma poderá reagir muito mal e ocorrerá desde vários episódios de inundação na casa (incontinência urinária) e a obstipação intestinal voluntária, que é uma situação clínica bastante desagradável para todos os envolvidos.
  A média de idade é em torno dos 18 meses, quando a criança já começa a interagir e a perceber as nossas perguntas e agir conforme o esperado. Se o bebê tiver o trânsito intestinal com padrões fixos e identificados pelos pais, o desfralde poderá ser mais fácil e até pode ser tentado antes, desde que o bebê consiga ficar sentado sozinho pelo menos 5 a 10 minutos. A criança  começa a indicar normalmente que já tem ou vai ter a frada suja. Poderá deixar a porta aberta para que a criança veja que este é um ritual que todos nós praticamos.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3pY4oSYEmxcAMfYvZ5iSeN0n4u-Ow5uaQFoWs6vWiO7gsBetMpyGHe6Dah2l0uuZmchEcLizmK8tBx-TzD-FJ42NL1aVJLtHZuXyIa8WdErNqit6cVL0oG0jzLsMq8FdkcHqIhJz9xP6M/s1600/bebes-penico4.jpg  A tentativa inicial é retirar as fraldas do dia, porém se o intento fluir de modo suave poderá na altura retirar-se as fraldas da noite (quando as fraldas já estiverem secas). Mesmo após o início do controle ainda leva de 5 a 6 meses para que este se efectue. Entre os 2 e 5 anos de idade a criança ainda não tem controle esfincteriano total e vão ocorrer eventualmente alguns "acidentes". Evite oferecer líquidos antes da hora de dormir e leve a criança ao banheiro/casa de banho antes de deitar ou mesmo durante a noite.
  Poderá utilizar tanto um penico como um redutor e deixe a criança explorar o objecto. Depois coloque a criança para que ela perceba para que este serve. Não deixe de oferecer a casa de banho/banheiro várias vezes ao dia. Quando a criança pedir evite retardar a ida, respeite os limites e capacidades da criança.
  Prepare-se para encontrar uma cama molhada de vez em quando no início do treino da retirada das fraldas nocturnas. Isto é absolutamente normal, utilize um resguardo, há vários modelos no mercado.
  Não castigue ou humilhe a criança por ter fracassado, este tipo de atitude só atrapalha o aprendizado da criança, o reforço positivo com elogios sem exageros quando a criança obtiver sucesso é o mais recomendado.
  Às vezes poderá ficar um tempo sentada no penico ou sanita sem fazer nada e quando puser a roupa fará na roupa, não se preocupe pois o controle do esfíncter está só começando, limpe a criança e faça tudo de modo natural.
  Meninos e meninas aprendem primeiramente sentados. Os meninos devem ser estimulados a urinar em pé após o controlo do esfíncter já estabelecido.
  Algumas crianças regridem neste processo, com o intuito de chamar atenção. Normalmente quando chega um irmãozinho, ou diante de alguma situação nova.
  O importante aqui é não estressar a criança, mais cedo ou mais tarde ela se libertará das fraldas, dê tempo ao tempo, dê amor e carinho, que isto vai passar de maneira descontraída.


A,B, C, D DOS SINAIS OU PINTAS



   Os sinais ou pintas são marcas que aparecem no nosso corpo ao longo da vida. Em algumas pessoas dependendo do local ficam até bastante charmosos, porém é necessário que tenhamos cuidado com as características apresentadas pelo sinal pois ele pode ser a apresentação de um câncer/cancro de pele, nomeadamente o mais perigoso de todos que é o melanoma. A incidencia deste tumor tem aumentado em crianças e adolescentes.

O que é? 
  O melanoma é o tipo de câncer de pele mais letal que existe. Tem sua origem nos melanócitos que são células produtoras de melanina (substância que determina a cor da pele). Mesmo que represente somente 4% dos tumores de pele, o melanoma é grave pela sua alta possibilidade de metástase. Como toda e qualquer doença, terá melhor prognóstico se detectada precocemente, ou seja sem a presença de metástases. Estes tumores podem ser adquiridos da mesma maneira que outros tumores de pele mas também são considerados fatores de risco: a exposição solar em demasia, a pele clara (principalmente ruivos com sardas, estes podem ter melanoma claro), história familiar, história pessoal prévia que vai facilitar o aparecimento de novas lesões.

O que se sente? 
  Geralmente o melanoma não ocasiona sintomas. Ele pode acometer uma pele normal ou desenvolver-se a partir de uma lesão, geralmente pigmentada. Estas lesões podem ter colorações escuras e diversas, bordos irregulares, coceira, entre outros achados. Quando há uma alteração visível em lesão anterior,  aumento do tamanho, na coloração e na forma com o aparecimento de bordas irregulares, é importante uma avaliação dermatológica. O A,B, C e D está abaixo:

  • Assimetria - se imaginarmos uma linha que passe pelo meio do sinal ele é assimétrico

  • Bordas irregulares - os limites do sinal são mal definidos








O Sol 

  Após um looooongo inverno estamos nos preparnado para o verão. Porém não devemos nos esquecer que a presença do sol que tanto nos alegra também pode ser  perigosa para o nosso organismo, sobretudo crianças, pessoas de pele mais sensível e idosos. 
  Os cuidados com a pele os olhos e com a hidratação nunca são demais e devem ser sempre lembrados. 
  É importantíssimo o uso de óculos escuros (apropriados) que nos protejam contra os raios UVA e UVB, assim evitamos o envelhecimento e os danos causados pelo sol. 
  O uso de chapéus, bonés ou roupas produzidas com tecnologia dirigida contra esta irradiação (vendidas em lojas próprias) também é recomendado, não só quando vamos para a praia ou piscina, mas no uso diário.
  A fotoproteção é mandatória em todo o ano como publiquei no meu primeiro post, portanto não devemos descuidar deste aspecto de prevenção de doenças associadas à exposição solar. Os protetores solares são divididos em:  físicos ou minerais e químicos. Embora os químicos sejam de mais fácil aplicação os minerais são considerados mais seguros sobretudo nas faixas etárias até 2 anos, isto porque os químicos dependem da absorção através da pele e ativação no organismo os físicos não são absorvidos pelo organismo.
  Nas infância e na terceira idade, temos obrigatoriamente que nos preocupar com a ingestão de líquidos, uma vez que são faixas etárias mais propensas a desidratação, então ensine seu filho a ingerir líqudos e aprenda a ingerir também. 
  A infância é a principal época da vida para iniciarmos a educação quanto a exposição solar. Tenha certeza que se ensinar seu filho a se proteger dos efeitos danosos dos raios UVA e UVB estará contribuindo muito para a saúde futura de sua criança.

domingo, 27 de maio de 2012

Dermatite Atópica


  A pele atópica, dermatite atópica, dermite atópica ou eczema atópico são expressões que significam todas a mesma doença.
  É uma doença inflamatória da pele , que tem um padrão crónico, e atinge na maioria casos de indivíduos com história pessoal ou familiar de alergia respiratória. Atualmente as estatísticas rondam em torno de 20% da população infantil e adulta onde é acometida. Em cerca de 90% dos casos  manifesta-se antes dos 5 anos de idade.
  Sua manifestação clínica varia com a idade e evolui entre fases agudas e crónicas, de maior ou menor desconforto para o paciente.O diagnóstico desta doença é feito baseado na clínica e aspecto das lesões do paciente e não em testes laboratoriais. A coceira é seu sintoma mais expressivo, na sua ausência este diagnóstico é tido como pouco provável.
  Não existe tratamento curativo, uma vez que a doença sofre influências de fatores genéticos e ambientais. O tratamento é sintomático e adaptado a fase da doença.
  Na criança de pequena (lactente) as lesões predominam nas superfícies de contacto com a roupa da cama. São observadas lesões na face, couro cabeludo e superfície extensora das extremidades. Ocorre pela maior exposição alergénica ou ao fato da criança ter a possibilidade de aliviar a comichão  nestas áreas. Quando a criança começa a andar o acometimento já modifica para os joelhos e mantem-se nas superfícies extensoras. Na segunda infância as áreas de eleição são as de dobras de cotovelos, joelhos, área retroauricular, pescoço, região abaixo das nádegas e tornozelos. Nos adultos as lesões são mais disseminadas mas em alguns casos podem acometer mais cabeça, pescoço, região periocular e sobrancelhas.
  As complicações desta doença estão associadas a diminuição da qualidade de vida pelo desconforto causado pela coceira,  podendo surgir  alterações de comportamento sobretudo na criança pois perturba o sono e as atividades diárias deste paciente.
  As infecções secundárias a fungos, vírus e bactérias também são observadas com mais frequência nestes pacientes pois há quebra da barreira cutânea e processo inflamatório crónico da pele.
  Há que se destacar as complicações oculares pois estas costumam ser mais graves sobretudo quando temos a dermatite das pálpebras, com inflamação/infecção das mesmas, a ceratocojuntivite e  o ceratoconus (queratocone), bem como a presença de catarata.
  O tratamento é baseado no controlo de exposição a alergénos inalatórios ou alimentares e a agentes irritantes e ao estresse.
  É fundamental a hidratação da pele pois além do prurido esta doença se caracteriza por pele seca (xerose), desta forma devemos hidratá-la inúmeras vezes por dia. Deve-se também ingerir muitos líquidos.    Os cremes quando colocados após o banho devem ser aplicados com a pele ainda húmida. Os banhos devem ser rápidos e com água não muito quente. A toalha deve ser  apenas aplicada e não deve atritar a pele.
  Em termos de tratamento medicamentoso não há verificação de cura após seu uso, porém amenizam os sintomas o que já causa um bom alívio para o paciente. Os mais utilizados são os anti-histamínicos, os corticóides tópicos, os orais, os inibidores de calcineurina (itc), antibióticos para infecções bacterianas, anti-fúngicos para os fungos, antivirais, imunomoduladores (efeitos adversos potencialmente graves) e fototerapia.

Aos Meus Leitores

     Estive ausente nestes últimos tempos, pois tive alguns compromissos profissionais que me absorveram mais horas que eu esperava. Para garantir que os posts que eu escrevo sejam de qualidade necessito de tempo não só para redigir como também para revisá-los, desta forma sei que é informação bem escrita e confiável e só assim as publico. Desta forma retorno a escrita e a divulgação de conhecimento. Mais uma vez obrigada pela compreensão. 

domingo, 15 de abril de 2012

O que é Rinite?

  A rinite é uma inflamação da mucosa nasal que se traduz clinicamente pela presença de um ou mais dos seguintes sintomas: prurido(coceira), espirros, rinorréia (coriza) que pode ser anterior ou posterior, e obstrução nasal.
  A rinite é habitualmente considerada uma doença trivial, mas é um problema de saúde global e tem um impacto considerável na qualidade de vida dos pacientes.Atualmente tem vindo a adquirir uma importância, pelo aumento de sua prevalência cada vez maior em termos sociais e econômicos. 
  É uma doença com uma prevalência superior a 50% em algumas faixas etárias de muitos países e que atinge mais de 500 milhões de pacientes em todo o mundo.

Classificação

  A rinite pode ser classificada como sendo: alérgica, infecciosa, ocupacional, induzida por medicamentos, hormonal, idiopática e outras causas.

Classificação da rinite alérgica

  Pode ser classificada de acordo com a exposição em perene ou sazonal.
  Uma outra classificação é segundo a ARIA (Allergic Rhinitis and Its Impact on Asthma) que a divide em intermitente ou persistente e leve ou moderada grave.

Sintomas

  São queixas frequentes o prurido, os espirros, a rinorréia e a obstrução nasal. As olheiras são frequentes, a dupla prega infra-ocular, prega nasal horizontal pelo hábito frequente de coçar a narina com movimento ascendente (saudação alérgica), alterações músculo-esqueléticas da face, respiração bucal, roncopatia, dor de garganta, alterações do sono e fadiga, voz anasalada, olho vermelho, lacrimejamento, prurido ocular, alterações do olfato e do paladar, prurido na garganta, ouvidos e tosse irritativa.

Associações

  A rinite pode estar associada a outras doenças, tais como: asma, conjuntivite, pólipos nasais, sinusite e otites.

Tratamento

  O tratamento se baseia em três pilares, porém nem sempre são todos utilizados. 
  A base do tratamento sempre será o controlo do ambiente, com a evicção dos possíveis agentes que causam a doença. Esta é a parte mais importante do tratamento.(Ver post sobre o controle do ambiente).
  Há várias categorias de medicamentos envolvidas no controlo dos sintomas.
  Imunoterapia (vacinas) é o único tratamento que pode alterar o curso natural da doença alérgica, mantendo a eficácia durante vários anos após ser terminada. Há alguns artigos que indicam que pode reduzir a progressão para a asma sobretudo em crianças e o aparecimento de novas sensibilizações demonstradas quanto se faz os testes cutâneos.




 Semana Mundial da Alergia

  A Organização Mundial da Alergia (WAO), e suas sociedades constituintes (ASBAI e SPAIC , dentre outras) promovem esta semana de 16 a 22 de Abril de 2012, vários eventos relacionados a esta entidade clínica. 
  Estima-se que atualmente em torno de 40% a 50% da população mundial apresente uma ou mais manifestações de alergia, sendo portanto uma prevalência muito alta. Tem-se verificado um grande aumento na gravidade das manifestações clínicas, bem como o acometimento de muitas crianças e jovens por estas patologias. Vislumbra-se um aumento dentro dos próximos anos de pacientes com comprometimento dos serviços prestadores de saúde e das entidades laborais, o que aumentaria muito os custos de manutenção e tratamento destas doenças. 
  Alterações genéticas das populações mundiais e climáticas como modificação da temperatura, umidade e fatores ambientais são dentre outros fatores os responsáveis pelo aumento da prevalência destas doenças. Então uma  gestão mais inteligente dos recursos ambientais, uma econômia mais autosustentável, um maior respeito ao meio ambiente fazem parte das medidas que podem ajudar a diminuir a prevalência destas doenças.
  Cada vez mais as doenças de foro alérgico, por sua enorme expressão social, constituem uma grande preocupação a nível mundial e iniciativas como esta devem estar na ordem do dia para discussão e divulgação.

domingo, 18 de março de 2012

Deixar Chorar Até Dormir? Sim ou Não?  Parte II

Dicas Para Todos Dormirem Melhor (Caminho Para Achar o Botão de Desliga)

1- Rotina

  Os bebês devem aprender a rotina da casa. Lembre-se que para aprender uma rotina o ser humano de modo geral leva 21 dias para incorporá-la ao seu dia-a-dia. Os bebês não tem nenhuma rotina pré-estabelecida então esta deve ser ensinada. É importante que se faça isto na mesma hora e sempre da mesma forma como se fosse um ritual. Pode-se dar banho, fazer massagem, diminuir as luzes, amamentar e colocar no berço como rotina por exemplo.

2- Diminuir estímulos

  Os estímulos sonoros, táteis e visuais devem ser diminuidos pelo menos 1 hora antes de dormir. Desta forma diminua as luzes da casa, não brinque de lutas, ou outras brincadeiras excitantes, não deixe a televisão ligada. Se quiser pode por uma música mais suave.

3- Banho

  Alguns bebês relaxam com a água e gostam do banho, que não deve ser de temperatura muito quente pois quando dormimos nossa temperatura tende a baixar para suportar o metabolismo basal, se a água estiver mais quente demora mais a atingir a temperatura ideal para conciliar o sono. Não excitar demais a criança com brincadeiras. Pode fazer massagens depois do banho com óleo ou cremes hidratantes, de modo geral isto promove relaxamento.

4- Climatização e Luminosidade

  Calor ou frio dificultam o sono, então se estamos no inverno e o bebê não se cobre sozinho utilize um pijama mais quente e/ou um aquecedor no quarto do bebê. Se é verão o pijama deve ser mais fresco e pode se utilizar ar condicionado ou ventiladores somente para colocar o ambiente mais confortável para a criança. Cuide também da umidade do local, o uso de ar condicionado tende a tornar o ar mais seco o que favorece a tosse, umidifique o quarto se for necessário. A luz ambiente deve ser diminuída, e pode haver uma luz de presença no ambiente.

5- Objetos de Afeição

  Coloque na cama do seu bebê um objeto que seja seu companheiro das noites, para que ele se sinta mais confortável na ausência dos pais. Pode ser um bichinho ou brinquedo desde que não ofereça riscos para a saúde e integridade física da criança como por exemplo alergias ou sufoque o bebê.

6- Alimentação

  Os hábitos alimentares também devem entrar no emprego da rotina diária da casa. As crianças (salvo específicas exceções como recém-nascidos por exemplo) não devem ser alimentadas à noite, pois elas aprendem que para induzir o sono só conseguem depois de serem alimentados, o que favorece as cáries, situações como cólicas, e mais necessidades de mudar a fralda que acabam criando outros problemas.

7- Convívio

  As crianças sentem saudades dos pais, reserve um momento do dia para ficar apenas com ele(a), pois às vezes eles só querem um pouco de atenção, carinho e aconchego, que pode ser a qualquer hora do dia.

8- Sonos Diurnos

  As crianças necessitam em sua maioria de sonos diurnos para reposição de neurotransmissores cerebrais, e para relaxar. Eles estão sendo estimulados constante e intensamente, portanto ficam cansados e necessitam de "desligar". Não evite ou protele as sonecas do seu filho, pois de modo geral ele vai ficar mais irritado e agitado e isto dificultará a indução do sono e a qualidade do mesmo.

9- Tensão

  Pense se você tem passado ansiedade para a criança. Se sua vida anda um pouco agitada, se sente cansada(o), muitas vezes ansiosa(o) ou nervosa(o) tenha a certeza que seu filho percebe isto e também vai reagir com ansiedade e agitação. Ninguém consegue dormir quando está tenso, pois para conciliar o sono é preciso estar relaxado. 

10- Hiperestimulação

  As crianças hoje em dia têm uma agenda de atividades muito preenchida, isto gera estresse pela constante estimulação, pense se seu filho não está sendo submetido a uma carga de informação e exigência física muito intensas,  ele terá tempo para ser submetido a isto no futuro, então desacelere.

11- Doenças

  Existem algumas situações clínicas que atrapalham o sono, estas devem ser excluídas pelo seu pediatra. São por exemplo o refluxo (ver post anterior) que pela queimação (sensação de azia) deixa a criança irritada e dificulta o sono, alergias alimentares que provocam cólicas e/ ou dermatites que provocam coceira na pele. O nascimento dos dentes causam desconforto e podem interferir no sono. Doenças de foro respiratório como a presença de obstrução nasal, viroses, rinites, adenoidites também são responsáveis por noites mal dormidas. Lembre-se também dos medicamentos que eventualmente estas crianças usam que podem causar irritabilidade e agitação em alguns casos. Algumas crianças com hiperatividade têm insonias, isto é mais um dado que ajuda no diagnóstico desta doença.

12- Indução do Sono

  A criança deve ser ensinada a induzir o sono, de preferência deve ser colocada no berço quando estiver sonolenta. Para aquelas que mamam no peito se estiverem acordadas devem ser postas na cama pelo pai para que a criança perceba que o restaurante (peito da mãe) não está funcionante durante 24h por dia.
 Quando colocada no berço deve estar aconchegada em uma manta apropriada para a estação em vigência, para que não desperte quando entrar em contato com o frio dos lençóis do berço.
  Lembre-se que a necessidade de horas de sono para descanso é individual. As crianças não têm o nosso ritmo diário (não tem hora para acordar e sair para trabalhar) e não se cansam como nós. Estabelecer a rotina de sono para elas deve ser feito de maneira gradual e com calma.

13- Não entre em Desespero

  Eu sei que é mais fácil dizer que fazer, mas tente. Peça ajuda, não é vergonha nenhuma, afinal é exaustivo e  desesperante ficar sem dormir, interfere demais no nosso ciclo biológico. Faça turnos com o pai, ou com os avós, ou com quem se dispuser a ajudar. Tenha em mente que este período vai passar, você não vai se lembrar e pode até sentir saudade dos tempos em que seu filho queria ficar grudado em você o tempo inteiro (quem tem filho adolescente agora não me deixa mentir...).
Deixar Chorar Até Dormir? Sim ou Não?

   Existem muitas opiniões sobre este assunto, vários livros de especialistas em sono, diversos sites na net, muitos conselhos de amigos e avós, mas todos parecem inúteis às 4 da manhã quando estamos extremamente cansados e com o problema em nossas mãos e não sabemos o que fazer.
   Esta pergunta me é colocada  todas as semanas no consultório e sei como é difícil resolver esta situação.    
    Não há fórmula mágica que resulte igual para todas as crianças. As crianças não são todas iguais, o nível de tolerância delas e de seus pais também não. A necessidade de sono no que diz respeito a quantidade (horas) é individual, o ciclo do sono da criança só vai estar mais estabelecido por volta dos 2 a 3 anos, isto dificulta a implementação destas teorias do sono a todos os bebês indiscriminadamente.

Teorias

  Richard Ferber (Harvard Medical School) e Eduard Estivill (Barcelona-Institut Dexeus) são os especialistas que utilizam a técnica do choro controlado, conhecida também como espera progressiva ou extinção gradual. Nesta técnica a criança é deixada acordada no berço quando o choro começa espera-se uns minutos para entrar no quarto e tranquilizar o bebê ( sem pegar no colo) e depois sai novamente. A espera da criança vai progressivamente aumentando.

  O maior problema desta técnica é o estresse que isto provoca tanto nos pais como nas crianças. As crianças podem ficar extremamente irritadas e isto também irrita os pais, não é de muito fácil execução tem que estar muito confiante que quer executar esta técnica desta forma, para não transmitir o estresse para o bebê que já está suficientemente irritado com a situação.
  William Sears(Universidade da Califórnia) preconiza a execução de métodos completamente diferentes, inclusive sendo favorável ao que a maioria dos pediatras é contra que é dormir com o bebê.
  Observamos assim que teorias existem muitas, verdades absolutas não. Cada criança deve e terá que ser abordada de maneira individual, para que não se sinta abandonada e frustrada com esta situação. Os adultos por outro lado não podem esquecer que não poderão evitar que a criança se sinta frustrada sempre pois este sentimento faz parte da vida e é bom que a criança aprenda a lidar com ele e que consequentemente ganhe mais autonomia e segurança.
A Importância do Lanche Escolar na formação dos Bons Hábitos Alimentares

  Previnir o desenvolvimento dos maus hábitos alimentares é uma das únicas formas de combatermos a obesidade e consequentemente o aparecimento de doenças relacionadas a esta condição clínica, que infelizmente é cada vez mais frequente entre nós. Este é um tema inportantíssimo pois estas doenças têm um impacto extremamente negativo na saúde não apenas durante a infância como também ao longo da vida adulta. 
  Na minha prática clínica é cada vez mais frequente verificar a presença de casos de obesidade,  colesterol alto,  dores articulares e musculares promovidas pelo excesso de peso,  aparecimento de hipertensão nas crianças, valores limítrofes de glicose, dentre outras condições clínicas relacionadas aos maus hábitos alimentares. 
  A época mais eficaz para a prevenção destas doenças é a partir da idade pré-escolar onde há introdução de alimentos novos e formação dos bons hábitos alimentares. Por ter um papel importante na alimentação e formação dos hábitos alimentares saudáveis a preparação do lanche escolar merece toda a atenção e cuidado.
  O lanche ideal  é composto de uma porção de carboidratos (hidratos de carbono), uma de proteína e uma de frutas/vegetais. Pode ser incluída uma opção de bebida cujo perfil nutricional deve ser adequado como por exemplo sumos/sucos de frutas naturais ou bebidas a base de soja. Assim estas pequenas refeições podem auxiliar a oferta de nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento de crianças saudáveis e com bons hábitos alimentares.
  Alimentos como iogurtes, cereais (sem chocolate), todas as frutas, cenouras cruas, fatias de pão (pode ser integral), porções de queijo, bolachas sem recheio, peito de peru, são alguns tipos de alimentos que podem ser utilizados para preparar o lanche das crianças. 
  Atualmente temos em torno de 20% de crianças consideradas obesas na Europa, no Brasil os dados do IBGE giram em torno de 15%, na China as autoridades já chamam a atenção para o crescente aumento dos índices de sobrepeso na sua população, desta maneira é importante conscientizarmos as pessoas para esta terem cuidado com a alimentação de suas crianças e deste modo também  com o restante  de sua família pois é bom darmos bons exemplos aos nossos filhos.

domingo, 4 de março de 2012

Hiperatividade, Doença da Moda?
Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção

  Hoje em dia há que se notar que nós temos um contexto social muito complicado: pais que chegam tarde, cansados e às vezes irritados em casa  e não conseguem dar a devida atenção a vida acadêmica de seus filhos. Por outro lado há professores que trabalham sob uma pressão enorme, muitas vezes insatisfeitos com sua vida profissional, o que pode determinar uma má performance na sala de aula, fazendo com que não consigam conquistar a atenção dos alunos. No meio disto tudo estão as crianças que sob influência destes dois ambientes estressantes tem que mostrar que são boas estudantes e que cumprem sua função de maneira impecável. Desta forma é importante que se façam as investigações para que tenhamos o diagnóstico correto uma vez que isto pode rotular o estudante de maneira equivocada.
  Quando nos deparamos com quadros de falha de aprendizagem o diagnóstico de hiperatividade sempre vem à tona.
   Há duas formas de apresentação embora nem todas as crianças apresentem hiperatividade mas todas mostram dificuldades em manter a atenção ou seja estarem concentradas. Geralmente quando temos a forma hipercinética da hiperatividade o diagnóstico costuma ser mais direto, quando a situação clínica se manifesta só pelo défice de atenção o diagnóstico costuma ser mais complicado. Uma vez estabelecido o diagnóstico o tratamento deve ser iniciado, porém não adianta só dar medicamentos é importante termos tanto na escola quanto em casa formas de abordar e conduzir a doença.

Abordagem da hiperatividade (na escola e em casa)

  Esta criança vai precisar sobretudo de regras e disciplina, o que não quer dizer que tenhamos que ser secos ou brutos, deveremos estabelecer e recordar as normas regularmente. Quando for dar um comando fale com um tom ligeiramente mais alto, porém neutro, com contato ocular e de maneira clara e objetiva.
É melhor falar de maneira positiva: faça isto ao invés de não faças isto. Podemos utilizar sempre reforço de memória visual como as normas escritas no quadro para que a criança se lembre.
  Para melhorar a auto-estima da criança podemos instituir a política dos prêmios quando a criança tem cumprido as regras de maneira satisfatória.
   Evitar chamar a atenção em público da criança, isto só a deixará estressada é melhor fazer de maneira isolada, afinal ninguém gosta de receber críticas na frente de outras pessoas.
  Dar tarefas que a criança possa movimentar-se como chamar alguém, dar recados, apagar o quadro, pois assim a criança pode liberar um pouco de energia.
  As crianças gostam de ser elogiadas, e o hiperativo faz um esforço muito grande para se manter limitado ao espaço físico dado a ele  principalmente na sala de aula então de vez em quando elogie.

Abordagem  do Défice de atenção (na escola e em casa)

  Estas crianças devem estar sempre próximas a professoras e a colegas mais tranquilos, de preferência inseridos em turmas com poucos alunos e menos turbulentas. 
  Qualquer coisa os distrai então sua carteira só deve ter o estritamente necessário para a atividade em questão. Pode ser necessário trabalharem em carteiras isoladas.
  Aqui também as regras e disciplinas deverão ser implementadas para que a criança possa aprender a organizar-se. O contato ocular também é fundamental na comunicação com a criança. E deverá estabelecer-se um sinal para comunicação quando o adulto perceber que a criança está distraída.
  As tarefas deverão ser divididas em pequenas partes para que o aluno tenha noção que terá que acabá-las num determinado tempo e assim verá que consegue concluí-las, isto o tornará mais organizado e mais motivado também.
  A criança quando é chamada à realidade sente-se um pouco perdida e deverá ser ensinada a atitude a tomar, que pode ser: olhar para o quadro, ouvir e entender o contexto que está sendo apresentado, levantar a mão e perguntar, ou perguntar a um colega.

  Concluindo, em ambas as formas um ambiente calmo e um tratamento individualizado são ideais, estabelecer regras, relembrá-las frequentemente de modo oral ou escrito, ter sempre o contato visual e manter o foco da atenção são importantes para o sucesso escolar e do tratamento desta criança.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ter boa postura é fundamental

  Tenho notado que cada vez mais cedo aparecem crianças no meu gabinete com alterações ortopédicas que estão relacionadas com a má postura que adotam no seu cotidiano. Sentar com a coluna reta e com os pés bem firmes no chão são medidas simples que podem evitar doenças como a escoliose (desvio lateral da coluna), e desta forma protegem-se os ossos e músculos de lesões por má postura.
  O peso da mochila e o modo como distribui-se o peso dentro dela, bem como a forma com que a levamos também são fatores que devem ser levados em consideração no que diz respeito a proteção de nossa coluna.
  É importante lembrar que o organismo da criança está em desenvolvimento e um comprometimento na formação de ossos e músculos poderá acarretar problemas crônicos de foro ortopédico.
  Sentar, andar ou dormir em posições inadequadas pode causar alterações e até deformidades, caso o problema passe muito tempo para ser corrigido.

  Dicas simples para manter a postura correta e evitar danos à sua saúde: 

Na sala de aula
 
  Crianças com problemas audivitos ou de visão tendem a sentar-se de maneira errada para compensar suas deficiências. O posicionamento inadequado na cadeira facilita o aparecimento da escoliose. Crianças  muito tímidas geralmente curvam o corpo, o que pode gerar a hipercifose (aumento da curvatura da região dorsal). As pessoas que escrevem com a mão esquerda (canhotos) devem sentar-se em cadeiras próprias para elas. A postura correta para assistir aula é sentar sobre o osso ísquio (debaixo das nádegas), mantendo as costas retas e próximas ao encosto da cadeira e deixar sempre os pés apoiados no chão. 

No computador
 
  Para manter a postura correta em frente ao computador é preciso regular a altura do monitor do equipamento ao nível dos olhos da criança, a criança deve apoiar os braços na mesa ou nos braços da cadeira e se sentar sobre o osso ísquio, encostando a coluna na cadeira e apoiando bem os pés no chão.



Mochila
 
   O mínimo de peso deve ser levado na mochila para não alterar o processo de desenvolvimento muscular e ósseo da criança. Apenas se deve levar livros e cadernos que de fato serão utilizados naquele dia e acomodar o material de modo que o peso fique equilibrado, sem sobrecarga em um dos lados da bolsa.
A mochila deve ser de um modelo adequado ao tamanho da criança e com formas simétricas, duas alças e encosto maleável, permitindo que o peso seja distribuído de maneira equilibrada.A mochila deve ter rodinhas para as crianças menores e para os maiores deverá SEMPRE ser utizada com as duas alças.

Descalço
 
   É importante incentivar a criança a andar descalça sobre areia da praia de vez em quando. Isso auxilia no desenvolvimento postural.

Calçado
 
  É também importante ressaltar que os sapatos devem ser adequados aos pés, no que diz respeito as formas, tamanhos e materiais que são constituídos, pois eles dão firmeza quando se  caminha e quando apoiamos os pés no chão.

domingo, 5 de fevereiro de 2012



O Refluxo Gastroesofágico


  O refluxo gastroesofágico (RGE) é uma condição clínica muito comum nos primeiros meses de vida. Traduz-se pela passagem do conteúdo alimentar do estômago em direção ao esôfago e pode ocorrer em bebês, crianças e adultos. 
  Apesar de gerar preocupação nos pais tende a ter  na maioria dos casos uma evolução de benigna, sem causar grandes transtornos ao bebê ou criança, sendo considerado fisiológico.
  A combinação de uma alimentação líquida e o bebê passar a maior parte do dia deitado favorece o refluxo. De todas as crianças que apresentam esta condição somente 2%  dos casos necessitam de investigação mais profunda no que diz respeito  a doenças anatômicas ou funcionais do esfíncter esofágico superior (válvula que se localiza no limite do esôfago com estômago).
  Quando a criança apresenta vómitos/regurgitações que acarretam falha no ganho de peso, resultados insuficientes às medidas posturais, dietéticas e medicamentosas, tosse rebelde ao tratamento,chiado, crises de asma e pneumonias ela deverá ser investigada pois nestas situações o RGE necessita de esclarecimento diagnóstico.
  No que diz respeito aos quadros respiratórios induzidos pelo refluxos podem se caracterizar por tosse muito intensa e normalmente seca e noturna (principalmente quando a criança deita), dispnéia (falta de ar), apnéia (criança pára de respirar), broncoespasmo (chiado no peito) ou pneumonias de repetição. Estas manifestações clínicas ocorrem pela presença de micropartículas alimentares e de suco gástrico que são aspiradas para a árvore brônquica e que irritam as terminações nervosas da mesma ocasionando o desconforto respiratório.
  As manifestações clínicas variam de acordo com a faixa etária também. Veja abaixo:

  • Recém-nascidos e lactentes: em torno de 80% dos bebês têm refluxo fisiológico, onde o pico ocorre mais entre 3-4 meses, e melhora normalmente por volta dos 6 meses de idade, ou antes caso inicie alimentos sólidos, e tende a desaparecer após 12 meses de idade. Uma pequena parcela destas crianças pode desenvolver irritabilidade, choro após a alimentação, recusa alimentar, ganho de peso insatisfatório, vômitos com presença de sangue, anemia.
  • Pré-escolares: estas crianças costumam apresentar vómitos intermitentes, podendo ter tosse, poucas vezes apresentam broncoespamos, podem se queixar de dor de barriga na altura do estômago.
  • Escolares e Adolescentes: suas manifestações clínicas são semelhantes a dos adultos tais como queimação retroesternal (azia) e/ou regurgitação.

  O tratatamento normalmente é feito utilizando leites anti-refluxo, utilizar alimentos mais espessos em pequenas quantidades e com maior frequência. É importante subir a cabeceira do berço a cerca de 30 graus e deixar a criança em posição mais vertical o maior tempo possível. Existem medicamentos pró-cinéticos que ajudam a acelerar o esvaziamento gástrico e assim diminuir o conteúdo que irá refluir, além disto há medicamentos para proteção da mucosa, evitando assim a dor e sensação de queimação/azia.
  O tratamento e acompanhamento desta condição clínica deverá ser feito pelo seu pediatra.

Não alimente o seu bebê deitado isto favorece às otites e o RGE.




Autoexame da Mama

  Ontem foi o dia mundial da luta contra o câncer/cancro e eu achei pertinente abordar este assunto neste blog, pois esta doença é extremamente prevalente no nosso meio e mesmo assim ainda acho que há muita falta de informação sobre este assunto.  
  O Ministério da Saúde de Moçambique iniciou a veiculação desta campanha utilizando estas personagens dos quadrinhos/banda desenhada com mulheres super-heroínas e eu achei particularmente interessante. Aqui eles mostram que qualquer um está sujeito e deve fazer o autoexame para conseguir o diagnóstico o mais breve possível.
  O autoexame deve ser feito por todas as meninas a partir do momento em que menstruam pois existem casos de câncer/cancro de mama abaixo dos 18 anos de idade. A periodicidade é mensal e de preferência após a menstruação ter terminado, quando a mama fica menos sensível.
  Os homens também podem ter esta doença então apesar das campanhas para o autoexame serem feitas na sua enorme maioria voltadas para o público feminino o autoexame é também recomendado para homens, uma vez que de modo geral sua doença é descoberta mais tardiamente, às vezes por falta de informação, e também pela agressividade da patologia muitas vezes ser maior.
 








domingo, 29 de janeiro de 2012

Plano Nacional de Vacinação de 2012


O Plano Nacional de Vacinação instituído em 2006 foi alterado através do Despacho nº 17067/2011 do Ministério da Saúde de Portugal desde o dia 7 de dezembro de 2010 com iníco a partir de 1 de Janeiro de 2011. As principais modificações foram: 
  • A vacina contra a meningite meningocóccica que era dada num total de  3 doses passou a ser ministrada apenas em uma dose, e deverá ser aplicada aos 12 meses.
  • A vacina contra sarampo, rubéola e papeira (VASPR) que era dada aos 15 meses, passou a ser ministrada também aos 12 meses.
  • A vacina contra o Papilomavírus humano deixou de ser dada as adolescente com 17 anos de idade.


"Ser ou Ter? Eis a Questão."



  O nascimento dos filhos traz alegria e preocupação a todos os pais. É natural que nós pais queiramos proporcionar aos nossos filhos a melhor educação e os melhores brinquedos e às vezes podemos exagerar na execução de nossos objetivos.  Esse tipo de atitude pode gerar conflitos na personalidade da criança, principalmente no que diz respeito às diferenças socioeconômicas, cada vez mais marcadas atualmente. Lembrando que as crianças hoje estão cada vez mais frequente e precocemente expostas ao mercado de consumo, temos que ter atenção quando oferecemos presentes, que na realidade são apenas bens de consumo com muita publicidade associada.
  As crianças estão sempre nos observando e desta forma absorvem o comportamento das pessoas mais próximas, isto é dos familiares. Por conta desse fator, precisam se sentir seguras e tentam conquistar a aprovação de seus pais agradando-os de todas as formas. 
  Muitas vezes os pais criam um ambiente ilusório para a criança, numa realidade diferente da vivida pela família. Este tipo de comportamento se intensifica no período em que a criança começa a frequentar a escola, principalmente na fase inicial da pré-adolescência onde eles começam a se comparar e a assumir a personalidade de grupo.
  Em torno dos sete ou oito anos os filhos começam a se dar conta das diferenças existentes entre eles e seus amigos. A criança percebe que o carro que leva os amiguinhos para a escola é importado, enquanto que o carro do pai não é, que o telefone portátil é do último tipo e o dele não é. Com o tempo ela passa a não aceitar bem essa diferença e é nesse momento que os problemas começam.
  A intimidade entre os pais e os filhos é um fator delicado e é preciso ter cuidado com a abordagem, principalmente na pré-adolescência. Os pais devem ficar atentos para não confundirem os papéis de pai e amigo, pois amigos as crianças já têm na escola. Ao se sentirem constrangidos com as atitudes dos pais, as mentiras começam a se tornar frequentes e as atitudes mudam. Os filhos passam a evitar sair com os pais, não convidam os colegas para brincar em casa e ao chegar na escola, pedem para saírem do carro antes do ponto comum de desembarque. No fundo é uma negação por não aceitarem serem diferentes ou estarem um pouco fora do contexto social em que está inserido, pois para o pré adolescente e para o adolescente é importante estar inserido no grupo, e qualquer diferença pode comprometer esta sua posição dentro desta "sociedade".
  Inventar muitas  histórias fantasiosas para os colegas não deve ser um comportamento habitual pois  revela uma certa baixa autoestima. Em muitos casos foram os próprios pais que criaram essa realidade fantasiosa para a criança. Cabe a eles mudar essa situação. A criança precisa saber da sua condição social para não ficar fantasiando a cerca de algo que não existe.  Os pais devem dar espaço para que os filhos falem sobre o assunto, mas para isso eles devem estar abertos a ouvir e saber se posicionarem.
  A partir do momento que a criança conhece suas raízes fica mais fácil entender as limitações financeiras dos pais e não se sentirem desconfortáveis por esse fator. Por volta dos sete anos, os filhos passam a assimilar melhor o ambiente e valores que os cercam. Por esse motivo é importante a participação da escola no processo de educação. Os professores devem prestar atenção no comportamento dos alunos. É normal uma criança mentir e fantasiar sobre assuntos que envolvam dinheiro, mas isso não pode ser frequente. Eles devem conversar com os pais para conhecer um pouco mais sobre a realidade da família e seu contexto social.
  Os educadores têm papel fundamental no processo de formação de caráter e comportamento das crianças e, por isso, devem trabalhar a questão da diversidade e tolerância com as diferenças nas aulas. O que conta são os bens materiais que o coleguinha tem ou se ele é  companheiro e  divertido? É interessante que seja trabalhado em parceria com as famílias a valorização dos pais e as diferenças das pessoas, bem como a valorização do ser humano e não dos objetos que são comprados, é importante que se enfatize a autoestima das crianças pois elas é que são importantes e não o que carregam com elas.
  Essa é uma situação complicada de resolver tanto para os pais quanto para os filhos.  Uma conversa franca e objetiva para tentar solucionar o problema é o que eu recomendo. É importante conduzir a conversa sempre falando a verdade de forma clara. Explique que o querer infelizmente nem sempre é como a realidade. É normal que a criança sofra um pouco pela frustração, mas é importante que ela aprenda a não mentir mais. Frustrar os filhos é necessário de vez em quando. É até melhor que eles se frustrem por uma conversa com os pais, que vão ser carinhosos e atenciosos, do que pela vida que normalmente nos ensina de maneira muito mais cruel.
   Os pais devem pedir sugestões para seus filhos de como agir, principalmente na frente dos colegas. Dessa forma eles sentem que sua opinião é valorizada e que os pais realmente se preocupam com o que eles pensam. Filho gosta de carinho e de se sentir protegido, porém, isso deve ficar restrito ao ambiente familiar a partir de uma certa idade. Evite situações constrangedoras na frente de outras pessoas, pois eles ficam realmente embaraçados. 

  Tente desde cedo não cair no exagero ou ir pela opinião social, pois este é o comportamento esperado para a criança ou adolescente e não o comportamento que os adultos, pais ou não, devem ter. 


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O objetivo é informar

Desde já agradeço os comentários de todas as pessoas que me dão a oportunidade de oferecer informação sobre temas da medicina atuais e pertinentes a nossa realidade. 

Este blog tem como objetivo levar conhecimento de boa qualidade ao maior número de pessoas possível., Se considerar que pode ser usado em aulas, jornais, discussões de grupo, etc, sintam-se à vontade. Pode trazer-me o exemplar do jornal o receberei com muito gosto.


domingo, 22 de janeiro de 2012







Rastreio Auditivo Neonatal (Otoemissões Acústicas)
"Teste da orelhinha"

  Assim como qualquer doença as patologias auditivas devem ser diagnosticadas o mais precocemente possível para que seu tratamento (se houver) possa ser efetuado mais cedo desta forma melhorando assim o prognóstico da doença que causou a surdez.
  O exame clínico auditivo das crianças é na maioria das vezes bastante complicado e de difícil interpretação, hoje em dia contamos com o rastreio neonatal que facilita esta tarefa e nos permite intervir mais precocemente aumentando as chances de recuperação do paciente, uma vez que as intervenções terapeuticas tem melhor resultado quando executadas até o 6º mês.
  Este exame pode e deve  ser feito nos primeiros dias de vida da criança, de preferência na maternidade onde a mesma nasceu ou até os 30 dias de vida. Se a criança passar neste exame deverá ser acompanhada como todas as outras em consulta de rotina, se não passar será conduzida a realizar exames mais sofisticados para confirmar o resultado deste rastreio. Entretanto pode haver um percentual de falsos positivos que estão relacionados a presença de vernix no canal auditivo externo ou ruido ambiente aumentado na sala onde está sendo efetuado exame o que faz com que se tenha que repetir o exame.
  No caso de recém-natos de alto risco como familias com casos de surdez congênita, alterações genéticas, infecções congênitas como a citomegalovirose, toxoplamose, sífilis, rubéola, herpes, prematuridade extrema, icterícia com valores de bilirrubina elevados, meningites bacterianas, asfixias neonatais, recém-nascidos que utilizaram ventilação mecânica por mais de 5 dias deverá ser acompanhado mais cuidadosamente independente do resultado do rastreio.

  As otoemissões acústicas (OEA) são sons produzidos pelas células sensoriais do ouvido interno de pessoas saudáveis em resposta à estimulação acústica; medem-se apresentando uma série de estímulos (cliques) breves ao ouvido através duma sonda inserida no terço externo do canal auditivo externo. A sonda tem um altifalante que gera os cliques e um microfone que capta as resultantes OEA produzidas pela cóclea e reflectidas através do ouvido médio para o canal auditivo; o resultado é um traçado que permite avaliar o funcionamento da cóclea com audição normal. 
  Siga o meu conselho faça o teste da orelhinha é indolor e permite um diagnóstico precoce e consequente tratamento da  patologia auditiva.


Vacina contra HPV (Papilomavírus humano)


  Em alguns países esta vacina já faz parte do calendário de vacinas instituído pelo governo. A maioria destes países adota a vacinação no período de 9 a 13 anos nas meninas. A doença sexualmente transmissível (DST) mais frequente no mundo é a causada por HPV.
  Há uma intensa discussão científica global  sobre o público alvo destas campanhas públicas de vacinação, isto é, vacinar ou não homens, isto porque o HPV está relacionado a praticamente 100% dos casos de câncer/cancro de colo de útero (o segundo que mais afeta as mulheres), mas também está associado a pelo menos metade dos casos de câncer de pênis. As mulheres podem ser vacinadas até 45 anos e os homens até 26 anos por ora.
  Existem atualmente duas vacinas contra HPV, a quadrivalente e a bivalente, que são aplicadas em 3 doses. A quadrivalente faz com que sejam produzidos anticorpos para os dois principais tipos de vírus causadores de câncer (16 e 18), os mesmos da bivalente e também para os dois tipos que geram  verrugas genitais (6 e 11).
  A imunogenicidade da vacina contra os casos de câncer de colo uterino gira em torno de 70-80%, o que é bastante alta. Mas além de termos efeitos contra o câncer nos homens e mulheres também temos que entender que também é importante proteger a população contra a verruga genital (DST), desta forma se tiver interesse poderá consultar seu médico para avaliar a aplicação deste modo de prevenção. 
  As formas de diagnóstico deste vírus são através do papanicolau executado pelo ginecologista e do teste do DNA do HPV, que está disponível para detecção de certos tipos de HPV, que podem causar câncer de colo de útero, pois a maioria das vezes este vírus causa a doença de modo silencioso não sendo detectada sem ser através de exames preventivos.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Introdução da Alimentação Diversificada (IV)

  A partir dos 12 meses deixam de existir tantas restrições alimentares e promove-se a alimentação saudável do bebê e consequentemente de todas as pessoas que o cercam. O bebê poderá comer a comida feita para o almoço ou jantar da família, desde que sem temperos e com o mínimo de sal, aproveite para utilizar menos sal e gordura na sua comida e promova assim uma alimentação saudável e adequada para todos os membros da família. No que diz respeito ao leite poderá fazer uso do leite que vinha utilizando até agora na fase 3 ou passar para a linha crescimento. Isto fica a critério dos pais. O consumo de leite materno deve ser estimulado mesmo após os 12 meses e poderá ser feito mesmo quando a criança fizer uso do leite em pó ou de pacote.
  O bebê agora tem o cardápio igual a todos, deixando de ser necessário fazer comida específica para ele. Porém manterá o hábito de comer sopa e fruta, que foi instituido durante este seu primeiro ano de vida. A velocidade de crescimento dele irá diminuir, não se preocupe se ele diminuir a quantidade de comida que consome pois isto é perfeitamente normal e é esperado.
  Evite dar doces, chocolates, gorduras, molhos, sumos/sucos pois isto não faz parte de um cardápio saudável e ainda por cima favorece o aparecimento das cáries e o aumento do colesterol, bem como a obesidade (25% da população infantil européia está obesa ou se encaminhando para o excesso de peso).
  Está provado que se não oferecermos alimentos de paladar adocicado para crianças até os 2-3 anos estas não terão muito interesse por estes alimentos no futuro.

                                          A partir daqui as possibilidades alimentares serão inúmeras ...

Introdução da Alimentação Diversificada (III)

  Após a introdução das carnes já mencionadas no post anterior poderá iniciar a introdução de praticamente todos os vegetais, após o 7º mês, fazendo a substituição de um elemento por vez ( a sopa pode ter cerca de 5-6 ingredientes) e o testando por 5 dias. Normalmente eu retardo o início dos nabos, nabiças, feijões  até por volta de 12 meses.As favas até um pouco mais tarde.
  A criança já poderá começar a comer iogurtes desde que feitos com leite adaptado, e  serão dados  como lanche no período da tarde  até 2 iogurtes. Os iogurtes podem ser alternados com a papa, ou seja, um dia papa outro 1-2 iogurtes, o que não está recomendado é o uso de queijinhos os famosos "suissinhos" pelo seu alto teor de gordura.O cálcio presente no iogure interfere na absorção do ferro desta forma não é recomendado iogurte como sobremesa e sim como lanche.
  Conforme o bebê fique mais experiente com a colher e com a assimilação dos sabores, vá aumentando a consistência dos alimentos (sopa e fruta) desde que ele já possua dentes, e supervisione de perto para evitar que ele se engasgue. Poderá oferecer pão (de preferência sem sal) e bolachas próprias para bebês (ajudam a coçar as gengivas).
  Quando a criança chega aos 9 meses incia-se outro grupo de carnes e peixe, o borrego eu deixo para ser iniciado agora pois tem um sabor muito intenso, embora possa ser iniciado juntamente com o frango, o coelho e o perú.
  O peixe utilizado inicialmente é a pescada, linguado ou solha (peixes magros) os peixes tipo salmão e cherne são deixados para mais tarde pois tem uma elevada concentração de gordura e podem causar alguma intolerância digestiva na criança. Pode utilizar peixe fresco ou congelado, entretanto cuidado com as espinhas!!!!
  Entre 9 e 10 meses nós vamos introduzir a gema de ovo, que deverá ser metade da gema duas vezes por semana, na sopa ou separada. A clara só deve ser dada após 12 meses, pois pode causar alergias. Deve ser dada sem outras carnes, isolada. 
  As frutas a serem oferecidas são todas menos os citrinos (laranjas, kiwi, fisalis, maracujá, ananás, abacaxi...), morangos e frutos silvestres (mirtilo, amoras...).
  Agora a sopa já deve estar mais consistente e a criança já está mais segura a comer, e talvez já tenha dentes, se assim for iniciaremos a introdução de batata amassada, cenoura amassada, frango desfiado, carne desfiada, peixe  desfeito, arroz ou massa bem cozidos e desta forma vamos diminuir a quantidade de sopa e progressivamente retirar a carne dela também. Se assim o fizermos provavelmente a partir dos doze meses a quinze meses a sopa já poderá ter só legumes e poderemos oferece-la com pedaços.

  Deixe seu filho pegar a comida com a mão, pois assim através do tato ele também irá sentir as texturas dos alimentos, o que facilita o reconhecimento dos alimentos e a aceitação de novos tipos e nutrientes. Ele experimenta o mundo com as mãos e com a boca, isto é perfeitamente natural.

Introdução da Alimentação Diversificada (II)

  Existem diretrizes no que diz respeito a introdução de alimentos novos às crianças, porém a dieta deve ser iniciada de maneira individualizada, de acordo com a condição clínica da mesma.Cada dieta é estipulada pelo pediatra da maneira que ele acha mais adequada a criança, e como medicina não é uma ciência exata vão haver diferenças entre cardápios de uma crinaça para outra, portanto siga as instruções do médico que a acompnha pois ele é que conhece melhor a criança. 
  Sabemos atualmente que a percepção dos sabores doces e salgados é inata, e que os amargos e azedos tem que ser aprendidos e treinados. Sabemos também que  os bebês alimentados com leite materno por causa da variedade de sabores do mesmo, tem uma vantagem na maior possibilidade de aceitação de paladares diferentes.
  Desta feita podemos começar a introdução dos alimentos com papa ou sopa. A minha preferência na maioria dos casos é pela sopa. Após a introdução de qualquer tipo de alimento novo pode ocorrer a alteração no transito intestinal do bebê, ele pode ter dificuldade para evacuar, ou as fezes podem ficar mais líquidas e/ou ácidas isto deve ser verificado com atenção. Podem aparecer manchas no corpo, distensão abdominal ou vômitos em caso de alergias. Desta forma introduza os alimentos e observe a reação do seu filho.

Iniciando a Sopa

  A sopa pode ser iniciada a partir dos 4 meses, de preferência o mais próximo dos 6 meses e  deverá ser muito simples inicialmente, com poucos ingredientes, para evitar alergias e começar a treinar o paladar para futuramente irmos introduzindo mais elementos.Deverá ser dada na hora do almoço. Normalmente inicio com batata, cenoura, abóbora e às vezes alface (folhas mais tenras). O legumes são lavados e cozidos sem casca só em água. Quando estiverem prontos nos os trituramos na água da cozedura que é retirada e adicionada novamente aos poucos para que possamos encontrar uma diluição dos legumes que permita uma textura cremosa. Os alimentos consumidos pelas crianças até pelo menos 12 meses não deverão levar sal. O azeite deve ser adicionado após a cozedura ou imediatamente antes do consumo da sopa, não se pode aquecê-lo. Se possível evite o uso do microndas pois ele aquece mais o recipiente e promove o aquecimento irregular dos alimentos. Sempre verifique a temperatura da sopa antes de oferecê-la, para evitar que a mesma esteja quente ou fria.

Iniciando a Papa

  A papa poderá ser introduzida também aos 4 meses (melhor mais próximo aos 6 meses), e deverá ser sem glúten até os 6 meses. Pode ser feita com água ou leite artificial. Eu acho mais prático as feitas com água. Deverá se experimentar um sabor por vez. Deve-se observar que o bebê pode ficar com dificuldade para evacuar. Só deve ser dada uma vez por dia.  

E as Frutas?

  Normalmente após uma semana de treinamento com a sopa a criança já está mais habituada com o sabor e com a colher, podemos iniciar a fruta. Esta pode ser cozida, assada ou crua. Eu começo com a maçã ou a pêra. Poderá ser dada como sobremesa após a sopa ou como lanche no meio da manhã. Não há mistura de frutas enquanto o paladar da criança não estiver treinado e nem adição de bolachas pois na sua maioria apresentam glúten que devem ser oferecidos após os 6 meses de idade e alteram o sabor das frutas por ter um paladar marcadamente doce. 

E as Carnes?

  Por volta dos 6 meses está indicado o início das carnes. Normalmente se inicia com carnes brancas e magras que costumam ter um baixo risco de promover alergias. As carnes por mim orientadas são: frango, coelho e perú. Para evitar a sobrecarga de proteínas ofereça em torno de 20 gramas de carne por dose de sopa. A carne deve ser triturada junto com os vegetais, bem como em relação ao peixe que temos que ter cuidado com as espinhas devemos ter atenção com ossos, inicialmente use carne desossada, que lhe facilitará o trabalho.

  Poderá iniciar ao 6º mês banana (se não estiver obstipado), papaia, mamão, manga, meloa, melância e melão caso seja época. Não poderá introduzir citrinos, frutos vermelhos e silvestres.

   Evite restringir a alimentação da criança no que diz respeito a introdução dos alimentos inferindo sobre ela as suas preferências alimentares.